Claro de Luna

sábado, 21 de junho de 2008


Não avistei o pássaro azul,
Matei-o a punhaladas
Antes que me vise entre as sombras
E me trouxesse alegria.
Recebia no momento outra visita
Que há tempos vive
Em meu campo lírico.
Matei-o sem piedade, escrúpulos, humanismo ou compreensão...
Não me veio o nojo...
E me contento com isso
Apenas a frieza... Nada a mais, algo a menos.
(tenho noção que foi uma morte covarde.).
Meus dias são densos e turvos como neblina,
Não me sinto em nem uma estância.
Minhas mãos estão sujas de sangue
E os cálices estão cheios... Trasbordados de mesmice.
Deus chora sobre as covas rasas que deixei...
Não me importo por quase nada
Apenas pela minha fadonha despedida
Que julgo ser longe dos olhos de todos.
(não haverá saudade se não da tristeza por mim.)
Não sou digno de piedade,
Carrego em mim estigmas
Que me ponderam todos os dias
Que me é lavrado os campos do ódio.
Não avistei o pássaro azul
Matei-o a punhaladas
Com plena convicção
De que meu sangue é frio e amargo.
Antonio Soares

Búrburio


Um brinde a Deus
E um elogio a insanidade
Enquanto minha alma se desfacela
Em um labirinto de mediocridade.
Pena de mim por agora...
Pena de nós por amanhã
E sse lodo que nos contamina
E nos afunda cada vez que nos mexemos
Desviando a vida aos sonhos .
Já não nos reconhecemos,
Mas as vestis falam por mim...
Por nós...pelo mundo.
Círculo vicioso a qual nós nos comprometemos
Dês da primeira mentira...
Primeiro beijo.
Somos fadados a viver
De mãos dadas a esperança,
Sempre começando...
Começando.
Guerra travada com a vida
Dês do primeiro segundo em que respiramos.
(entre tristezas e alegrias batalhamos)
Guerra sem sentido?
Talvez não saberei em vida
E a morte me diga
Em um sussurro frio
Calando-me, eternamente.
Antonio Soares

Mal

Tenho em mim criado
Na profundeza de meus olhos tristes
Um mal antes retumbado
E hoje clama ser livre,
Alimentado do melhor de mim,
Criado com mimos de pai devotado
Consumindo ate mesmo palavras
Dessa poesia debaltada.
Já nem sei o que vem a seguir...
Talvez a demência dos homens apaixonados
Ou o suicídio dos poetas loucos,
Que já criaram seus sentimentos
Bons e eternos filhos que lembram
Seus grandes e magníficos pais...
Enquanto o meu ainda é ignoto
E não conhece a vida...
...escrevo já sem rimas
E meu mal puxa minha blusa
Chamando-me de pai
E exigindo ser posto a viver no mundo...
Antonio Oliveira

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Triste Canção


Estão cantando para mim?
Nem ao menos me avisaram
Desse canto ou lamento,
Que antes de chegar o firmamento
Fez todos de joelhos balbuciar perto de mim.
É estranho esse enredo
Que ao chegar sempre me esqueço
Onde lapida o monstro devaneio,
Fugaz dança dos homens sem medo,
Que desconfio viver dentro de mim.
Não poderia ser a sorte
Pois a verdade sempre me entope,
E as causas se destorcem,
Deixando minhas palavras sem começo ou fim.

Estão todos cantando para mim?
Se nem ao menos é dia festivo,
A garoa traz com ela o granizo
E no coração a plenitude é o vazio,
(as velas estão acesas talvez para espantar os espíritos.).
Quem dirá adeus à saudade
Se sempre a vaidade renasce
No musgo da falsidade
Onde roubaremos o fruto dos Deuses.
Que se exorcize essa maldição
Da tristeza sempre se mastiga o pão
E do ódio é servida a bebida.
(Um brinde...
Saberemos nós, se essa é a despedida?)

Estão todos cantando para mim?
Não sinto mais a incrédula fadiga,
O crepúsculo traz consigo as dores e as feridas,
Que me perseguem nesse dia sem fim.

Antonio Soares

terça-feira, 17 de junho de 2008

Tenho


Tenho em mim guardado
Sobre sete chaves de tormenta,
Algo que escondo e não é raro
Algo que o mundo inteiro experimenta.

Tenho em mim findado
Coisas que o mundo nem se lembra,
Posto que tudo que é errado
Fazem-se jogos de prenda.

Tenho em mim cravado
Todos os encontros da vida,
Sendo que deles não espero nada
Além de migalhas e feridas.
Antonio Soares

segunda-feira, 16 de junho de 2008

...




Não quero o ofuscar das câmeras
Ou aplausos dos bem queridos,
Nem quero esperar morrer afogado em saliva
Como os poetas reprimidos
Pela suposta liberdade.
Não espero ter esse dom
Ao qual muitos se atiram,
(a ilusão sempre vejo
E é dela que se alimentam os famintos)
Não quero nada que me conporte,
Não me convem consolo.
Espere de mim o que o nada oferece,
Tão quanto espero de todos.
Nada espero...
...nada...
Pois esperar é se manter, crer, aguardar... prevalecer
Não existe nada em mim que se mantenha...
Não creio nos sonhos que me anseia...
Não aguardo se não pelo anoitecer de meus dias...
Não prevaleço sobre nem uma circunstancia
(minhas palavras apodrecem e caem...)
Nada anseio meu olhar é estático pálido e frio...
Apenas grito...
Em um abismo profundo.
Antonio Soares