Claro de Luna

domingo, 6 de julho de 2008

Últimos Versos


Não venho aqui exaltar as dores,
Essas falam por si.
Venho dizer as ultimas palavras
Há quem um dia me devotei em amor.
Rompi o selo do peito,
Abortei-me da vida
Em um singelo gesto harmonioso de dor.
Brandei minha alma torturada
No véu dos sonhos finitos.
Desagüei-me nesses últimos versos,
Pois nada me resta a temer,
Se não pelo vazio dos ossos
Que murmurarão meus segredos aos vermes.
Entreguei-me a exaustão que tudo finda, selando-me.
Não chore por mim,
Quem me reza tão distante.
Nessa hora o musgo selará minhas pálpebras,
A vertiginosa espuma tomará minha boca sem anseio
E meu corpo se resumira em um silêncio profundo e traiçoeiro.
Venho dizer ao meu amor (mesmo que seja pequeno),
Que podes descansar em meu peito
Que nada mais nos aflige,
O poço onde brotam as lagrimas secou,
Os túmulos estão selados
E os fantasmas se foram
Levando-me consigo.
Repousa em meus ossos
Os sentimentos humildes que nunca escrevi,
Não é necessário temer-me mais
Pois a carruagem dos mortos
Atropelou-me a vida
Libertando-me do cárcere em que me encontrava.
Não venho exaltar dor alguma
Essas por si só já me tomaram mais que o tempo.
Vim dizer apenas ao meu amor que não chores,
Pois repouso na eternidade de seus sentimentos.

Antonio Soares

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