Claro de Luna

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O vazio


Foi a mim que o cometa cegou
Dilacerando a carne doente...
...encontrei-me conturbado e cego
Fissurado em sandices vis
Que me devoram por dentro,
Em grandes reboliços de anarquia.
Geme o algoz em minhas profundezas,
Devorando-me de dentro para fora,
Prostrando em minhas entranhas
Que ele faz parte de mim.
Sim...
Foi a mim que o cometa aboliu
E eu sorri quando vi meu reflexo no espelho,
(deu-me pena esse ser grotesco.)
Encontrei apenas um labirinto e seu findamento
Com o vazio suprimindo meu nome.

...Dantesca é minha plenitude,
Tão quanto será meu desfecho...

Eis me aqui a ovelha má abençoada,
O fruto que não vingou...
A semente que se tornou erva daninha...
As palavras rudes e repugnantes,
Que assombram os verdadeiros poetas.

Eis me aqui corroído pelo medo,
Escondido por de traz dos pilares das palavras...
(Acostumei-me a trucidar sonhos e devorá-los faminto de mim.)

Deixei-me em uma estrada qualquer
E esqueci-me de encontrar-me de novo...

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